Artigo - Revista Protagonista - Diretoria Regional Ipiranga

REVISTA PROTAGONISTA - DIRETORIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO IPIRANGA

Aluno Monitor como agente facilitador da inclusão nas salas de informática

Fernando Cavalli – RF 7916621-1
Professor de ensino fundamental II e médio – Educação Fìsica
Professor Orientador de Informática Educativa


De acordo com a proposta pedagógica da Secretaria Municipal da Educação (SME), o Programa Aluno Monitor foi implementado nas aulas de Informática Educativa na EMEF José Maria Lisboa, no primeiro semestre de 2011, pelo Professor Orientador de Informática Educativa (POIE) Fernando Cavalli. Esse projeto contempla a participação de alunos que tenham facilidade e domínio no uso das Tecnologias da Comunicação e Informação (TIC), bem como sejam produtivos em sala de aula levando-se em conta o seu desempenho tanto no aprendizado, como no inter-relacionamento com colegas e professores. O que se objetiva com o trabalho do aluno monitor, é o desenvolvimento de práticas pedagógicas diferenciadas, já que essas serão fruto de iniciativas deles sob a mediação do POIE, ou seja, esses alunos não se apresentam apenas como auxiliares do professor durante as aulas, e sim passam a ser sujeitos de suas ações, planejando, avaliando, desenvolvendo habilidades de pesquisa, comunicação e publicação na internet.  Dessa forma, acabam tornando-se um elo entre professores e alunos, atuando como agentes facilitadores na inclusão da escola na cultura digital e potencializando assim o seu protagonismo. Esse programa não é obrigatório e acontece apenas nas unidades que optam por desenvolver tais atividades. 
Atualmente o laboratório de informática possui 21 computadores sendo um utilizado pelo professor e os outros para os alunos, na maioria dos casos esses fazem os trabalhos em dupla. O sistema operacional dos equipamentos é o Windows 7 e os softwares utilizados são o pacote Microsoft Office, aplicativos e jogos infantis, outros aplicativos nativos do Windows com PaintBrush, Windows Live MovieMaker, além de possuir acesso a internet. Apesar de ser uma excelente estrutura esse espaço ainda não possui nenhum tipo de adaptação ou recurso específico para os alunos especiais. As turmas vão do 1º ao 5º ano e as aulas são ministradas por um professor e, em média, 6 alunos monitores. São 9 classes tendo 8 alunos com necessidades especiais no total sendo no máximo 2 por turma, são crianças com síndrome de down, transtorno desintegrativo, paralisia cerebral e déficit motor. A unidade escolar não possui sala de SAAI, mas conta com o apoio de uma Auxiliar de Vida Escolar (AVE) que atende 4 desses alunos, essa funcionária recebe formação da  prefeitura antes de ingressar nessa atividade e continua realizando cursos para aprimoramento e reciclagem, além de esporadicamente receber a visita de uma especialista para conversar sobre as crianças com as quais trabalha.
Fazendo uso desse programa, iniciou-se um trabalho com os alunos com necessidades educacionais especiais que, indo de encontro com o projeto político pedagógico da escola, visa buscar ferramentas e estratégias variadas para potencializar a inclusão desses. Para tal, fez-se uma “segmentação” quanto ao público alvo destas ações, sendo um deles o contingente total da sala de aula e o outro aquele composto pelos alunos com algum tipo de deficiência. A fim de gerar um processo dinâmico e evolutivo o atendimento desses dois públicos ocorre de modo simultâneo, levando-se em consideração as características de cada um deles. Todavia, deve-se deixar de uma forma bem enfatizada a necessidade desta simultaneidade, para que estas ações não corram o risco de ser ao longo desse processo caracterizadas como colidentes com o preconizado pelas orientações dos órgãos especializados em inclusão e pelo objetivo de nossas ações. Cabe também salientar que a igualdade de condições que defendemos nessa prática, não é a igualdade entre os sujeitos, o que poderia significar igualitarismo, mas sim a igualdade de direitos entre os sujeitos visando à preservação e respeito à pluralidade do gênero humano, essas considerações estão profundamente cristalizadas no corpo docente e também no diretivo da unidade escolar e nos dá a convicção do acerto desta iniciativa. Partindo desses princípios orientadores, podemos afirmar que todos somos diferentes, mas com algumas características em comum e que cada indivíduo aprende de uma forma dependendo de suas próprias características. Então, avaliar e considerar essas peculiaridades, criar insumos motivadores e facilitadores deste aprendizado é o grande desafio do educador contemporâneo. O que se pretende nesse projeto, em última análise, é que o aluno monitor seja um facilitador juntamente com o professor de informática no processo de tornar o aluno com necessidades educacionais especiais em um sujeito participante ativo no processo construtivo da apropriação do conhecimento. Acreditamos que a interação entre esse aprendiz e o aluno monitor pode atingir um nível de grande eficiência devido às várias afinidades etárias, verbal e comportamental.
Logo no primeiro dia de atividade, os monitores se depararam com a questão da inclusão nas salas de aula, crianças com as mais variadas características como dificuldade de locomoção, falta de controle motor para utilizar mouse e teclado, déficit de atenção, dificuldade em comunicação por problemas de fala e compreensão, sendo essas dificuldades limitantes a suas capacidades de interação com o ambiente de aula. Nesse momento, notei o interesse e a mobilização dos monitores procurando solucionar as dificuldades encontradas. Após o primeiro dia de aula, tivemos uma reunião em que conversamos sobre a experiência inicial e o assunto colocado por eles em pauta, foi justamente o de como lidar com essa situação. Não querendo influenciar em suas ideias, pedi para conversarem sobre o que sentiram e para proporem possíveis soluções e adequações. As propostas iniciais foram ótimas, houve sugestões como mudança do espaço físico para facilitar o acesso a alguns recursos, estudo de caso para saber exatamente as dificuldades de cada um dos nossos alunos especiais, elaboração de aulas individualizadas para cada um desses alunos, dentre outras. Completando o que foi dito por eles, expliquei que essas crianças, precisam realmente de um ambiente de aprendizagem que os incentivem a sair de uma situação de passividade perante o mundo para passarem a ser valorizados e estimulados, buscando melhorar a sua criatividade e iniciativa, dando assim uma melhor condição de interação com as pessoas e com o ambiente, partindo da ótica não das suas limitações e sim do potencial de desenvolvimento que cada um traz em si, valorizando e incentivando suas capacidades. Dessas “primeiras impressões“ em diante, o projeto tem sido cada vez mais estimulante e gratificante para todos; novas propostas, novas situações pedagógicas e muito estudo, a fim de maximizar as intervenções realizadas dia a dia.
Na sequência dessa prática educativa pretende-se elaborar um processo de avaliação continuo e individualizado para nortear o planejamento e replanejamento das ações. Além disso, pretende-se estabelecer uma parceria com funcionários da própria unidade com maior grau de conhecimento no assunto como Auxiliar de vida escolar (AVE) e professores com formação no CEFAI, com a proposta de conhecer melhor as características dos nossos alunos promovendo reuniões e palestras com os alunos monitores.
Portanto, na educação Especial ou em qualquer outro processo educacional inclusivo, no qual alunos com necessidades especiais façam parte do contexto da sala de aula, o respeito ao ritmo e a capacidade de cada um de modo a contribuir para o desenvolvimento individual global, valorizando e evidenciando seus aspectos cognitivos, sociais, afetivos e emocionais é de suma importância. É com base nessas condições que acreditamos que o uso das TICs e dos alunos monitores o aprendizado pode tornar-se mais atrativo e significativo para alunos com necessidades especiais, tendo em vista as possibilidades de adaptação ao nível intelectual, a condição de individualização do atendimento e ao respeito do ritmo de cada um.

Bibliografia Consultada
- SÃO PAULO. Portaria nº1997, de 20 de março de 2009. Institui o Programa Aluno-Monitor nas Unidades Escolares da Rede Municipal de Ensino, que especifica, e dá outras providências. Diário Oficial [da Cidade de São Paulo], São Paulo, p.10, 20 mar. 2009.  
- São Paulo. Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica. Referencial sobre avaliação da aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais / Secretaria Municipal de Educação – São Paulo: SME / DOT, 2007. <http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Documentos/BibliPed/EdEspecial/Referencial_AvaliacaoAprendizagem_NecessidadesEspeciais.pdf> Acessado em: 17/05/2011. 
- BRASIL. Resolução CNE/CEB Nº 2, de 11 de Fevereiro de 2001. Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. 
- BRASIL. Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Acessibilidade. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2005.
- BRASIL PCN’s Parâmetros Curriculares Nacionais. MEC, 1996. Disponível http://portal.mec.gov.br/
- Programa Aluno Monitor
<http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Projetos/ie/AnonimoSistema/MenuTexto.aspx?MenuID=57>  Acessado em: 16/05/2011.
- Documentos do CEFAI
<http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Regionais/108600/Default.aspx> Acessado em: 17/05/2011.



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